Sara Correia “Chelas”

27 Julho 2023

Já está disponível o primeiro single daquele que será o terceiro álbum de originais de Sara Correia. O novo álbum da artista irá chamar-se “Liberdade” e deverá sair até ao final deste ano 2023.

Sara Correia lançou o seu álbum de estreia em 2018 e apenas cinco anos depois é um dos nomes mais fortes do fado contemporâneo, um estilo bem vincado neste seu novo single “Chelas”.

Este é um tema que, conforme Sara Correia revela em comunicado, “extravasa as fronteiras do fado, repleto de reviravoltas que nos conquistam a cada segundo, dos ritmos com ecos da música tradicional portuguesa, à modernidade da produção e aos arranjos de cordas luxuosos.” No mesmo diz ser uma espécie de BI da própria, apesar de ter sido escrito e composto por Carolina Deslandes. A música é também assinada por Diogo Clemente, que ainda produz a canção. Esta é a segunda vez que Sara Correia trabalha com Carolina Deslandes, depois de o ter feito em 2020 em “Porquê do Fado” que integra o seu álbum de estreia, disco que lhe valeu uma nomeação para um Grammy Latino e o Prémio PLAY para Melhor Disco de Fado.

O vídeo de “Chelas” foi gravado no próprio bairro e com moradores locais.

Letra de “Chelas”

Dizem “Sara, tem cuidado com o que dizes,
Lava a cara, tu não mostres de onde vens.
Põe vestidos e esconde as tuas raízes.
Finge lá que és senhora, tu finges bem.”

Dizem “Sara, tu usa as unhas mais curtas,
Fala bom português, larga o calão.
Não fales da pobreza, da noite escura,
Ganha quem tem poder e não coração.”

Mas no meu bairro eu vejo prédios de todas as cores
Que gritam ao mundo “o pobre há-de sempre ser pobre”.
No meu bairro vejo gente, sei dos seus horrores
E que quem vem da rua é sempre nobre.

Eu venho do bairro,
Da janela conto as estrelas.
Não sou de mais lado nenhum,
Eu sou de Chelas.

Dizem “Sara, a maquilhagem ‘tá carregada”,
Dizem “Sara finge lá ser o que não és”,
Mas disso eu já sei tudo e estou cansada,
Trago o fado na voz e ténis nos pés.

Dizem “Sara, tu sorri, sê mais comedida.
Cumprimenta os senhores, faz-me o favor.”
Mas o fado que eu canto, canta-me a vida,
É a voz de quem nasce filho da dor.

E no meu bairro eu vejo prédios de todas as cores
Que gritam ao mundo “o pobre há-de sempre ser pobre”.
No meu bairro vejo gente, sei dos seus horrores
E que quem vem da rua é sempre nobre.

Eu venho do bairro,
Da janela conto as estrelas.
Não sou de mais lado nenhum,
Eu sou de Chelas.